terça-feira, 14 de julho de 2015

Awareness

  -   Ei, acorda! O que que você tá fazendo?
  -     Shhh.... fica quieta que eu tô ocupado.
  -     Você sabe que nada disso é real né?
  -     Cala a boca, que eu tô tentando me concentrar.
  -     Pára de besteira, acorda logo! Se você quiser eu posso ajudar.
  -     Do que que você tá falando agora? Você nunca faz nenhum sentido.
  -     E você tá fugindo... de novo. Eu já falei que isso é perigoso.
  -     Eu tô bem!
  -    Então prova.
  -     Provar o que?
  -     Prova que isso é real. Aposto que não consegue.
  -     Eu já disse que tô ocupado.
  -     Ocupado fugindo...
  -     Huh... tá bom eu provo. E depois disso você me deixa em paz.
  -     Começa, então...
  -     Deixa eu ver... o que você quer que eu faça?
  -     Abre aquela porta.
  -     Eu tô de pijama! Aqui, vou comer esse chocolate.
  -     Esse chocolate não está aí.
  -     Você me preocupa quando começa com essas pirações, Amor.
  -     Sou eu que tô procupada com você. Vai lá. Abre a porta pra você ver.
  -     Não vou abrir a porta. Tá cheio de gente lá fora. Aqui vou ligar a música. Tá ouvindo?
  -     Ah, eu tô ouvindo sim. Mas não a música. Tá todo mundo preocupado. Vem pra cá logo.
  -     Pra cá aonde? Eu tô bem aqui do seu lado! Vem aqui, vou te abraçar. Tá se sentindo melhor?
  -     Não...
  -     Ah, vai! Não começa a chorar. Tá tudo bem.
  -     Por favor, me segue. Eu não sei quanto tempo a gente tem?
  -     Agora quem está falando em fugir?
  -     Não é fugir. É voltar. Por que você teve que fazer isso de novo?
  -     Eu não fiz nada demais. E se você vai ficar julgando todas as minhas atitudes, é melhor ir embora.
  -     Não vou ficar aqui com você. Quanto tempo levar! O que você tá fazendo?
  -     Eu tô escrevendo um texto novo, que ler?
  -     Adoraria... mas não tem texto nenhum aí.
  -     Claro que tem. Eu vou ler pra você:


          
 Ei, acorda! O que que você tá fazendo?
           Shhh.... fica quieta que eu tô ocupado.
          Você sabe que nada disso é real né?
          Cala a boca, que eu tô tentando me concentrar.
         Pára de besteira, acorda logo! Se você quiser eu posso ajudar.
         Do que que você tá falando agora? Você nunca faz nenhum sentido.


  -     Você tá vendo? Agora você percebeu né?
  -    Percebi o que? Você tá me interrompendo. Eu imagino quanto eu já não poderia ter escrito até agora se não fossem tantas interrupções!
  -     Me desculpe, mas eu não vejo o sentido! Enquanto você não voltar, tudo isso é uma perda de tempo.
  -     O meu trabalho é uma perda de tempo? Meus sentimentos? Nós?
  -     Você tá perdido dentro de si mesmo.
  -    Você que tem essa mania de problematizar o que é simples. Fica aqui comigo enquanto eu escrevo. Vai ficar tudo bem.
  -     E quando o texto acabar?
  -    Não se preocupa. Eu tenho ideias suficientes pra escrever por um bom tempo.
  -     Isso não tá certo...
  -     Por que não? Você não gosta da minha companhia?
  -     É o que eu mais gosto, mas...
  -     Sem mais. Senta aqui do meu lado, a gente vai escrevendo juntos.
  -     Mas aí você vai reclamar que eu tô te interrompendo.
  -     Esse tipo de interrupção é bom. Faz parte do processo.
  -     Tá bom, vamos ver no que dá.
  -     Ei! Tira essa ruguinha de preocupação do rosto. Confia em mim.
  -    Tá legal. Vamos lá.
  -     Assim está bem melhor.
  -     E como vai se chamar esse texto?
  -     Ego Looping.